Peru

Por que esta região no sul do Peru merece estar no roteiro pelo país

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Aqui não sabemos que dia é hoje. O tempo segue outro ritmo”, revela Tilak Valdivia, gerente do Belmond Las Casitas. Distante cerca de três horas de Arequipa, segunda maior cidade do Peru, o hotel fica à beira do Cânion do Colca, no Vale do Colca, região no sul do país que é ideal para um desvio estratégico no caminho entre Lima e Cusco.

Seja imerso em uma banheira privativa enquanto pássaros cantam no pôr do sol, ou durante uma contação de histórias aos pés da fogueira, a passagem do tempo se transforma em um mero detalhe neste pedaço da América do Sul.

Pressa, impaciência e compromissos abrem espaço para autenticidadesilêncio e natureza bruta. Esse é o verdadeiro luxo, intensificado pela energia única do Vale do Colca, que se mistura ao misticismo peruano e aos pequenos povoados a mais de quatro mil metros de altitude.

A jornada fica completa com os atrativos singulares da área, que incluem vulcõesavistamento de condoressítios arqueológicos e banhos em águas termais. É o Peru em seu esplendor.

Belmond Las Casitas: isolamento e serenidade

A chegada mais comum ao Vale do Colca se dá partir de Arequipa, rodeada de vulcões e conectada a Lima por voos diários que duram 1h30. As paisagens se misturam às vicunhas, parentes das lhamas, que correm soltas na vegetação. O trajeto sinuoso tem pontos que beiram os cinco mil metros de altitude, quando a respiração fica mais ofegante.

Mas após três horas, a recompensa chega: no distrito de Yanque, o Belmond Las Casitas abre as portas para um oásis de vegetação verde em uma antiga fazenda. O som do vento dá as boas-vindas junto de um suco de sancayo, fruto comum no vale, tirado dos cactos andinos. Lhamas e alpacas domesticadas ficam livres pela propriedade e são chamadas por nomes próprios.

Um casarão de estilo rústico funciona como a sede, onde estão a recepção e o restaurante. Mas são as 20 “casitas” que roubam a cena. De fora, os chalés parecem saídos de um conto de fadas; por dentro, oferecem um sentimento de refúgio, esbanjando 120 metros quadrados – a acomodação presidencial chega aos 240 metros.

Fora o tamanho, outros detalhes fazem a diferença. Nenhum quarto possui televisão, cuja alternativa pode ser a leitura de um livro ao lado da lareira ou a contemplação do silêncio sepulcral. Cada hóspede tem um terraço com uma pequena piscina escaldante, além de um banheiro em mármore dotado de um teto de vidro que enquadra as estrelas.

O número reduzido de acomodações abre margem para privacidade e para um serviço zeloso. No quarto, o staff deixa uma bolsa de água quente com formato de ovelha na cama para esquentá-la, ajudando na noite de sono. Na hora de dormir, é normal que o coração acelere devido ao efeito das alturas – afinal, o hotel fica a 3.600 metros de altitude. Mas não se preocupe: o chá de muña, planta medicinal que acalma o corpo, está a uma ligação de distância.

Farm to table e experiências desenhadas

Todas as manhãs, a equipe sai pelas estufas e jardins da propriedade para a colheita do dia, em que os hóspedes podem acompanhar. Os mais diversos vegetais, legumes, raízes e ervas aromáticas são usados em receitas fresquinhas, assim como o mel, produzido aqui mesmo.

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Para o futuro breve, a ideia é que o hotel seja mais independente: vacas produzirão leite e galinhas suprirão a demanda de ovos. É a tradução literal de farm to table.

Do café da manhã ao jantar, passando pelo chá da tarde, o restaurante Curiña coloca à mesa a incrível variedade de alimentos do Peru. O foco reside na cozinha tradicional de Arequipa, com opções como carne de lhama, porquinho-da-índia (cuy) com batatas e ceviche de truta. O serviço de quarto também é indicado, já que cada “casita” convida a um momento prazeroso.

Ingredientes frescos da própria estufa são usados em refeições no restaurante ou em ocasiões desenhadas • Divulgação/Belmond
Ingredientes frescos da própria estufa são usados em refeições no restaurante ou em ocasiões desenhadas • Divulgação/Belmond

Um almoço ao ar livre com direito a cardápio desenhado na grelha pode ser arranjado pela equipe, assim como um jantar à luz de velas na capela. Para brindar, a maioria dos coquetéis leva pisco como base. Portanto, vale pedir uma aulinha sobre o destilado e, de quebra, degustar drinques com a bebida.

No cair da tarde, a trilha do hotel revela paisagens ainda mais arrebatadoras do precipício do cânion, uma maravilha natural sem ninguém no horizonte. Lá embaixo corre um rio, que servirá como cenário para almoços e caminhadas.

Maravilhas do Vale do Colca

Os arredores são bastante procurados por mochileiros, mas as aventuras podem ser mais leves, com passeios por povoados que sediam festas tradicionais, principalmente em dezembro, e que esbanjam costumes pré-incas, como terraços agrícolas.

O atrativo mais popular é o tour do Condor-dos-Andes, uma das maiores aves do mundo. Elas chamam os desfiladeiros de lar e esperam correntes de vento para voar, que é um espetáculo por si só.

O avistamento é melhor feito no Mirador Cruz del Condór. Estratégicas, as aves esperam o melhor momento para darem o show e costumam sobrevoar as cabeças dos viajantes. Dica: chegue bem cedo pela manhã, quando há menos turistas e mais chances de vê-las.

A estrada é pitoresca, com mirantes e barraquinhas de artesanato. A uma curta distância, a cidadezinha de Chivay mostra um lado mais cru e isolado do Peru, com camadas históricas da colonização. Outros atrativos regionais são o sítio arqueológico de Uyo Uyo, a Fortaleza de Chimpa, o Gêiser de Pinchollo e as piscinas de águas termais, além de trilhas em vulcões que ultrapassam os seis mil metros de altitude.

De volta ao hotel, o spa tem sauna, salas de tratamento individuais e para casais, além de um lounge para relaxar com uma xícara de chá em mãos. No fim da estadia, o gostinho que fica é o da calmaria, ótima maneira de estender a viagem a bordo do Belmond Andean Explorertrem luxuoso pelos Andes que sai de Arequipa com destino a Cusco.

Tesouros Incas: Cusco e hotéis históricos

Nenhum roteiro pelo Peru está completo sem uma ida a Cusco, que pode ser organizada pela Belmond, que promove uma imersão no país. A antiga capital do Império Inca exibe camadas históricas como nenhuma outra, com resquícios incas e da imposição espanhola lado a lado.

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A 300 metros da Plaza de Armas, a Belmond mantém dois hotéis: o Belmond Palacio Nazarenas e o Belmond Monasterio. Ambos propõem um mergulho histórico tão especial quanto os monumentos do centro. Enquanto o Nazarenas ocupa o que foi uma escola inca e, mais tarde, o convento das Clarissas e um colégio jesuíta, o Monasterio foi parte de um palácio inca, seminário e universidade.

Mesmo vizinhos, eles possuem alma própria. O Nazarenas é mais sereno, com pátios ligados por pequenas vielas e pedras incas encontradas até dentro das suítes. Já o Monasterio é como um museu, tamanha a quantidade de obras que remetem à arte barroca andina, uma fusão de estilos encontrada somente no Peru.

Portanto, vale agendar um tour de arte em ambos os hotéis e, depois, caminhar pela cidade. Um privilégio da hospedagem é ter acesso a uma capela do século 17 que não está aberta ao público. Colada ao Monasterio, é de uma riqueza de arrepiar.

Os restaurantes, porém, estão abertos a não hóspedes, e são um convite a experiências sofisticadas. O Mauka, no Palacio Nazarenas, é liderado por ninguém menos que Pía León, eleita a melhor chef do mundo em 2021. O nome vem de um tubérculo em extinção e já entrega a proposta: colocar à mesa ingredientes locais e de altura.

O jantar é um capítulo à parte, mas o deleite começa no café da manhã, um ritual luxuoso, saboroso e, ao mesmo tempo, simples. As “chaplas” são o ponto alto e, dependendo da fome, dá para pedir todas. As montagens transformam o ordinário em extraordinário – a base das tostadas são de diferentes vegetais e grãos.

Prato do restaurante Oqre, liderado por Jorge Muñoz, que serve receitas de todo o território peruano • Saulo Tafarelo
Prato do restaurante Oqre, liderado por Jorge Muñoz, que serve receitas de todo o território peruano • Saulo Tafarelo

No Monasterio, o almoço pode ser no Oqre, que serve pratos de todos os cantos do país com vista para o pátio central, onde descansa um cedro andino de 320 anos. Aqui também fica o Tupay que, em certos dias, oferece jantares embalados por uma cantora de ópera. O menu degustação vai de foie gras com formato de physalis até lagostim com molho de tomate, servido em um salão com obras do século 18.

Outras experiências vão de aula de cerâmica com um artista peruano, que mantém um ateliê no Palacio Nazarenas, e tratamentos no Spa Hypnôze, com chão aberto para ruínas incas, no mesmo hotel.

No spa, o destaque vai para a cerimônia do cacau. Enquanto uma líder espiritual profere ensinamentos sobre a pachamama e oferece cacau puro, a mente fica repleta de agradecimentos e boas intenções. O ritual é uma síntese da mescla de culturas e de aprendizados do país. Se ficar emotivo, não há problema: é a energia do território peruano em ação.

Belmond Las Casitas: Fundo La Curiña s/n, Yanque 04140, Peru / Informações e reservas pelo site.
Belmond Palacio Nazarenas: Calle Plazoleta Nazarenas 223, Cusco, Peru / Informações e reservas pelo site.
Belmond Monasterio: Calle Plazoleta Nazarenas 337, Cusco, Peru / Informações e reservas pelo site.

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