REAG & PCC

REAG: a gestora da Faria Lima que aparece no radar do PCC

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Por David Allen, em especial para o Jornal Kapiltal

Por anos, a Reag Investimentos se apresentou como um símbolo da sofisticação financeira da Faria Lima: gestora independente, com fundos listados na bolsa, bilhões sob administração e discurso de democratização do acesso ao mercado de capitais. Mas, por trás da fachada de respeitabilidade, o nome da empresa passou a ser citado em investigações que rastreiam como o Primeiro Comando da Capital (PCC) tem usado o mercado financeiro para lavar dinheiro.

A suspeita é de que a estrutura da gestora serviu como uma espécie de “máquina de limpeza”, transformando recursos do crime organizado em ativos legítimos, com selo da B3 e distribuição de dividendos.

A origem da Reag e o perfil dos sócios

Fundada em 2008 por Cláudio Azevedo, economista formado pela UFRJ, a Reag cresceu rapidamente com fundos de crédito estruturado e imobiliários. Azevedo, ex-banqueiro com passagem por instituições tradicionais, sempre defendeu a ideia de “incluir mais brasileiros no mercado financeiro”, atraindo investidores institucionais, empresas de médio porte e até órgãos públicos.

Mas a trajetória da gestora não se explica apenas pelo talento técnico de seus executivos. O crescimento da casa coincidiu com a chegada de sócios e parceiros com forte trânsito político, especialmente em Mato Grosso e São Paulo — estados estratégicos tanto para o agronegócio quanto para as atividades ilícitas do PCC.

Bilhões sob gestão

Hoje, a Reag figura entre as grandes gestoras independentes do país, com mais de R$ 330 bilhões, e segundo dados preliminares, quase 50 bilhões só do PCC, sob administração, divididos em dezenas de fundos listados na B3.

Seus produtos mais famosos são os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) — veículos que compram dívidas de empresas e as transformam em títulos. É justamente nesse modelo que investigadores enxergam brechas perigosas: o lastro desses créditos é muitas vezes opaco, abrindo espaço para inflar valores ou inserir ativos de origem ilícita.

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“Os FIDCs são a porta de entrada perfeita para quem precisa justificar dinheiro em grande escala. Você cria uma empresa de fachada, emite créditos, e logo esses papéis estão dentro de um fundo listado em bolsa, com toda a chancela regulatória”, explica um procurador ouvido pela reportagem.

Como o PCC se infiltra

O elo do PCC com a Reag não seria de controle direto, mas sim pela infiltração de laranjas e empresas ligadas à facção entre os cotistas dos fundos. Relatórios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) já identificaram aportes suspeitos:
• Investimentos de milhões feitos por pessoas físicas sem lastro econômico compatível;
• Fundos imobiliários da Reag adquirindo participações em empreendimentos em cidades-chave para o tráfico;
• Recursos oriundos de postos de gasolina e transportadoras — negócios historicamente usados pelo PCC para lavar dinheiro.

Em outras palavras, o crime organizado não controla a gestora, mas usa sua engrenagem para legitimar capital ilícito. Uma vez convertido em cotas de fundos, o dinheiro é sacado na forma de dividendos e rendimentos tributados, com aparência de “dinheiro limpo”.

Mato Grosso: a conexão política e econômica

O estado do Mato Grosso surge como um dos principais pontos de atenção. Além de ser reduto do agronegócio bilionário, é também rota do tráfico internacional de drogas, que atravessa a Bolívia até os corredores logísticos do Centro-Oeste.

Políticos locais, empresários e investidores institucionais ligados a obras públicas e ao setor de transporte teriam sido intermediários no aporte de recursos em fundos da Reag. Esse trânsito alimenta a suspeita de que a gestora se tornou um hub de convergência entre capital lícito e ilícito, num dos estados onde o PCC mais se expandiu nos últimos anos.

O silêncio da Faria Lima

Publicamente, a Reag nega qualquer irregularidade. A empresa afirma cumprir todas as regras da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do Banco Central, além de possuir auditoria independente e compliance rigoroso.

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Na prática, porém, os mecanismos de controle do mercado financeiro brasileiro ainda são frágeis diante da criatividade do crime organizado. A presença do nome da Reag em relatórios sigilosos e operações policiais não significa, até o momento, condenação judicial — mas expõe como até instituições respeitadas da Faria Lima podem ser usadas como ferramentas invisíveis do submundo.

A engrenagem do dinheiro invisível

Para o PCC, a infiltração em gestoras como a Reag representa um passo além. Se antes a facção se limitava a lavar dinheiro em postos de gasolina, boates ou pequenas construtoras, hoje busca respeitabilidade institucional, travestida em relatórios financeiros, prospectos de fundos e comunicados ao mercado.

Na prática, isso significa que parte dos bilhões movimentados diariamente na bolsa pode ter, em algum ponto da cadeia, a marca invisível do crime organizado.

A história da Reag é o retrato de uma encruzilhada: de um lado, a ambição legítima de se consolidar como uma potência da gestão de recursos no Brasil; de outro, a sombra das investigações que a conectam, ainda que indiretamente, ao maior grupo criminoso do país.

A pergunta que fica é se o mercado financeiro brasileiro, cada vez mais sofisticado, está realmente preparado para impedir que o crime organizado continue lavando dinheiro debaixo dos holofotes da Faria Lima — ou se a engrenagem já se tornou grande demais para ser contida.

Esta manhã uma fonte da Polícia Federal{PF}, nos informou, que a Reag, tem uma especie de “agencia”, um escritório, na cidade de Rondonópolis, Mato Grosso. Segundo esta fonte, a PF vem monitorando com vigilância há mais de dois anos.

O Jornal Kapital recebeu uma extensa lista e vídeos,  de possíveis “clientes” desta agencia em Rondonópolis, constando nomes de várias autoridades e figuras conhecidas de toda sociedade.  Assim que averiguarmos a autenticidade iremos publicar com destaque.  

 

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