Por Bia Azevedo
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro (PSD-MT), atravessa um dos momentos mais expressivos de sua trajetória política. À frente da pasta desde o início do governo Lula, Fávaro tem se destacado por sua postura firme em meio a crises, como o recente “tarifaço” dos insumos agrícolas, e pelo trabalho voltado à abertura de novos mercados internacionais para produtos do agronegócio brasileiro. Essa combinação tem fortalecido sua imagem tanto no campo progressista quanto junto ao setor produtivo, consolidando-o como uma figura de equilíbrio e diálogo.
Gestão diante do tarifaço
No início do ano, produtores rurais enfrentaram um cenário de apreensão com o aumento expressivo nos preços de fertilizantes, defensivos e outros insumos essenciais para a produção. O chamado “tarifaço” ameaçava comprometer a competitividade do Brasil no mercado global.
Fávaro foi protagonista na negociação para amenizar os impactos, articulando diretamente com a equipe econômica do governo e representantes do setor. Sua atuação resultou em medidas emergenciais, como linhas de crédito específicas e a revisão de alíquotas de importação.
“Foi uma prova de fogo. O ministro demonstrou que sabe dialogar e buscar soluções práticas sem radicalismos”, avalia o economista rural Marcelo Silveira, professor da UFMT.

Expansão internacional do agronegócio
Paralelamente à crise interna, Fávaro tem investido em abrir novos mercados para produtos brasileiros, fortalecendo a imagem do país como potência agroexportadora. Sob sua gestão, o Brasil firmou acordos bilaterais com países da Ásia, Oriente Médio e Europa, garantindo a entrada de carnes, grãos e produtos industrializados de origem agrícola.
Recentemente, o Brasil fechou acordos estratégicos com Índia e Indonésia para exportação de proteína animal e avançou em negociações com países africanos, setores considerados prioritários para diversificação da pauta exportadora.
Essa diplomacia comercial reforçou a posição de Fávaro como único representante legítimo do agronegócio em um governo de perfil progressista, aproximando segmentos que, historicamente, se mantinham distantes do campo político mais à esquerda.
Caminho pavimentado para o Senado
A performance de Carlos Fávaro na Agricultura já começa a se refletir no cenário eleitoral de Mato Grosso. Atualmente, ele é visto como favorito para a reeleição ao Senado em 2026, beneficiado pela ausência de outros nomes fortes no campo progressista e pela boa relação construída com o setor produtivo.
Fávaro se apresenta como “ponte” entre o agronegócio e o governo federal, algo raro em um estado que tradicionalmente se alinha à direita. Segundo analistas, essa posição estratégica pode lhe render votos tanto na base ruralista quanto no eleitorado urbano que apoia políticas de sustentabilidade e modernização do setor.
“Ele conseguiu ocupar um espaço único: progressista no discurso, mas com credibilidade junto ao agronegócio. Isso o coloca em uma posição praticamente imbatível para a reeleição”, analisa a cientista política Laura Monteiro, da FGV.

Desafios futuros
Apesar do momento favorável, Fávaro ainda enfrentará desafios. Entre eles, a necessidade de equilibrar as demandas ambientais, cada vez mais exigidas por mercados internacionais, com a pressão de setores produtivos que resistem a mudanças nas práticas de cultivo e manejo.
Além disso, a articulação política para manter alianças sólidas no estado será crucial, especialmente diante de uma possível polarização eleitoral em 2026.
Com uma gestão marcada pela pragmaticidade e diálogo, Carlos Fávaro conseguiu não apenas superar crises, como também projetar sua imagem nacionalmente. Ao que tudo indica, o ministro não só pavimentou o caminho para sua reeleição ao Senado, como também se firmou como uma das principais lideranças do agronegócio no Brasil contemporâneo.





























