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O governo brasileiro deixou de lado por enquanto os planos de retaliação direta contra as altas tarifas dos EUA que entram em vigor esta semana, concentrando-se em vez disso em um pacote de ajuda para as indústrias mais afetadas pelas taxas, disseram fontes familiarizadas com a estratégia.
As amplas isenções concedidas pelo decreto executivo do presidente dos EUA, Donald Trump, na semana passada pouparam alguns dos setores mais vulneráveis da maior economia da América Latina, para alívio de muitos investidores e líderes empresariais.
Isso deixou Brasília cautelosa em responder a Trump com tarifas recíprocas ou outras retaliações que poderiam aumentar as tensões, disseram autoridades do governo, que pediram anonimato para discutir deliberações confidenciais.
As negociações com Washington provavelmente serão lentas e complexas, disse uma das fontes, então o governo brasileiro está priorizando alívio imediato para os exportadores, como por meio de linhas de crédito públicas e outros tipos de apoio ao financiamento à exportação.
Outra autoridade disse que o governo está estudando possíveis respostas às tarifas que afetariam as empresas americanas, mas as vê como um último recurso se as negociações falharem.
Essas possíveis contramedidas, agora sob análise, podem incluir a suspensão do pagamento de royalties por patentes farmacêuticas e direitos autorais de mídia, disseram duas fontes.
O governo também sinalizou no ano passado que estava preparando um novo imposto que poderia afetar grandes empresas de tecnologia dos EUA, mas arquivou o plano este ano para evitar antagonizar Trump antes do anúncio de tarifas em abril.
Na época, o Brasil estava sujeito a uma tarifa de 10%, uma das mais baixas do mundo, que muitos atribuíram ao antigo superávit comercial dos EUA com o Brasil.
Em julho , Trump impôs uma tarifa mais alta de 50% ao que chamou de “caça às bruxas” política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, um aliado de direita que está sendo julgado por uma suposta conspiração de golpe para reverter sua derrota eleitoral de 2022.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse inicialmente que responderia sob a Lei de Reciprocidade Econômica do país, aprovada pelo Congresso para fornecer bases legais para contramedidas contra sanções comerciais, alimentando especulações sobre retaliação.
As discussões sobre ação recíproca diminuíram desde então, mesmo com Lula criticando a justificativa de Trump para o aumento de tarifas, defendendo a independência do judiciário brasileiro e insistindo que quaisquer negociações devem permanecer estritamente focadas no comércio.
As isenções tarifárias dos EUA concedidas na semana passada para as indústrias de aviação, energia e mineração do Brasil foram vistas em Brasília como evidência de que a diplomacia paciente e o lobby das empresas americanas afetadas que buscam alívio eram a melhor maneira de obter resultados em Washington.
O Brasil também disse que planeja registrar uma queixa formal na Organização Mundial do Comércio sobre as tarifas, embora esse sistema de solução de disputas esteja paralisado desde o primeiro governo Trump.
“Você ainda precisa passar pelos canais disponíveis”, disse uma autoridade brasileira, embora reconhecendo que uma resolução é improvável no estado atual da OMC.
Mais imediatamente, o governo está ajustando medidas para proteger os setores mais afetados pelas tarifas dos EUA que entrarão em vigor na quarta-feira, estendendo alívio financeiro às empresas que já enfrentam contratos cancelados.
Autoridades disseram que o pacote provavelmente incluirá linhas de crédito e possíveis ajustes no seguro de crédito à exportação e nos mecanismos de financiamento à exportação, de acordo com uma das fontes.
O ministro das Finanças, Fernando Haddad, que disse que as medidas de alívio poderiam começar a ser implementadas esta semana, disse na sexta-feira que o governo nunca se comprometeu a retaliar contra Washington.
“Nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que o governo brasileiro tomará”, disse ele.
“São ações para proteger a soberania, para proteger a nossa indústria, o nosso agronegócio, a nossa agricultura”, disse ele a repórteres. “Essa palavra (retaliação) não estava presente no discurso do presidente, nem no de nenhum ministro.”
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